segunda-feira, 10 de maio de 2010

As mangueiras

Se em vez de cerejas, que eu estivesse esperando, fossem mangas, destas mangueiras aqui, faltavam sete meses para me sentar na cozinha da minha morada no atestado de residência, e ali, sem pudor nenhum, me lambuzava toda, deixando escorrer pelas mãos, até aos cotovelos o sumo das mangas da minha terra, que as quitandeiras modernas, de telemóvel, cabelo comprido bem desfrisado, óculos de sol, sandálias de tiras, douradas, corsários coloridos e blusa sem costas, apregoam. Madrinha quer manga? Mãe compra só lá então, dou prá esquebra...
Olha só, a bater uma saudade de manga da minha terra...vou fazer como então? É o problema que tou com ele mesmo. Xé! Vou masé dormir que amanhã tenho que acordar cedo p´ra pegar no batente. Pode ser que sonhe com as mangas do meu quintal que os candengues do Marçal, e também os morcegos para além de mim, Zé e Paula tanto gostávamos. Como ainda desenho o rosto da Lucrécia como se não tivessem passado 34 cacimbos, quem sabe sonho que ela está a dar uma corrida nos putos da escola...como é mesmo o número dela? Acho que é 143, ou é 83?
Me esqueci, mesmo,e passei lá há pouco tempo...pxxxxt! Não! É 83, mesmo, o número da escola, mas se não for o meu kamba vai rectificar. Quando vai na clínica ao pé da Foto Dora, fica com o nariz bem em frente da escola e de costas na escola Industrial. Ele sabe o nome das coisas que eu deixei faz tempo. Também, está sempre a rodar com o Sô Tiago. Ah, fiquei com saudade do Sô Tiago e da Nica...não dá, nessa hora, saudade...vou mesmo me esticar para dormir. Caté...

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