segunda-feira, 19 de setembro de 2011

surpresa

foto tukayana.blogspotO que é isto ?
Um presente, logo pela manhã.
Bolo de cabeça e um frasquinho de licor. Esta é a lembrança oferecida por noivos aos seus convidados, amigos e conhecidos.
Não. Não fui a nenhum casamento. Já não vou a casamentos talvez há 6 anos. O último foi ao do Paulo, meu primo, que desafiando as maldições de dias marcados para sempre, casou num 11 de Setembro. O Paulo não é lá dessas coisas e tem corrido tudo muito bem com ele e com o seu casamento, como na vida.
Mas voltando ao embrulho que me puseram nas mãos, assim que entrei no autocarro do sr. margarido, pois é, há quem despreze autocarros, que nos tempos que já correram ( não hoje ) era coisa de pobre, deus que me livre e guarde, onde já se viu? Eeeeeeeeu? Euuuuuuuzinha (0)? Jamais, por quem me tomam?
Mas é este meio de transporte que circula por todos os caminhos de portugal e a mim transporta-me mesmo para todo o lado quer em trabalho quer em lazer e aí é que a porca torce o rabo, não p'ra mim, claro, porque há quem tenha mais do que um automóvel e não sai do lugarzinho que marcou como seu.
Mas lá estou eu, parece que tenho alguma pedra no sapato, mas não, isto é só a divagar e a lembrar-me de conversas tidas em fim de semana a propósito de línguas visperinas e de vidas que por aí se vivem pouco. Para vidas poucochinhas, gente poucochinha...
Poucochinho não foi o embrulho que o José Júlio levou para o autocarro. Parecia o pai natal, em setembro. Também me coube um embrulhinho com este mimo. Achei querido lembrar-se das pessoas que conhece e com quem partilha o autocarro há anos. Disse que fora um dia muito importante, casar uma filha. Fiquei a pensar nisso. É curioso como o que é anos a fio, deixa de ser de um momento para o outro e o que faz sentido deixa de fazer. Não consigo pensar que se um ou os meus dois filhos quisessem casar eu transformasse o dia do casamento no dia mais marcante e importante da minha e suas vidas. Porquê? Isto daria pano para mangas. Ou não, dada a simplicidade e a tentativa de descomplicar o que afinal nem é difícil.
Para o José Júlio e para todos os zés da vida como ele, casar uma filha pode ser de facto o dia dos dias e não é proibido. Por mim, aceitei de bom grado o miminho deste pai baboso da sua cria, do seu genro, da festa maravilhosa bem como dos compadres, que no dia seguinte mataram 3 bezerros e foi o verdadeiro festim na quinta que têm lá para as bandas do Entroncamento.
O José Júlio hoje era um homem feliz, tanto quanto o dia que chega das suas viagens fantásticas, pelo mundo. E as conta com pormenores de me deixar com um torcicolo de tanto me manter estática ouvindo-o.
Lá está. Um homem que durante o ano viaja de autocarro, ( já tem ido para Lisboa ao sábado com a mulher no mesmo expresso que eu ) e depois escolhe um destino turístico de sonho e contos de fadas. D'onde menos se espera...é que os homens não se medem aos palmos e subestimá-los é que é ser-se poucochinho.
Ainda não comi do bolo de cabeça, aliás não sou muito fã, por motivo nenhum especial mas porque não sou, apenas. É um bolo típico desta região, como o são, os económicos em trás-os-montes. O licor, ficará guardado como tantos outros.
O gesto, esse, gostei muito. Afinal, a viagem no autocarro das 8,20, Torres Novas/Alcanena, para além de nos levar para os nossos empregos aproxima pessoas e isso pode ser coisa de pobre mas também é coisa de gente. Gente de bem.
Que a filha do José Júlio seja feliz nesta nova fase da sua vida, é o que eu desejo. Aliás, o que eu desejo a toda a gente é que a felicidade bata à porta e que a deixem entrar e a conservem. Não é fácil. Mas a vida não são só facilidades.

1 comentário:

maria disse...

Gostei. Mas gostei mais do teu paninho de cozinha.Ihihihih!