Desce a noite lentamente no dia absurdamente quente e hostil.
Queria estalar os dedos e num número de mágico transformar a noite que aí vem, num inesquecível entardecer de mim.
E não ter de lamentar o dia que finda nem a noite que nasce.
Se de noite todos os gatos são pardos, dispo então a minha pele e deixo-a à porta de casa. Na maçaneta que serve para o saco do pão, que pela manhã o padeiro ali vai pendurar.
Nem acendo as luzes, nem entro. Penduro-me na luminosidade dos candeeeiros de rua, a fim de ler nas estrelas que cintilam, lá longe, no firmamento, o que vai ser de mim, carne e sangue, liberta que estou desta pele rugosa e gasta, soma de muitos momentos. Noites e dias.
Esqueci os óculos e não consigo enxergar. Deixo p'ra lá...
Caminho nua de sinais e de ansiedades. De passados e de futuros.
Não sei qual o meu destino. Caminho ao acaso, sem guias nem mapas. Sem instinto. De sobrevivência...
Hoje se puder, quero ser igual a uma alma em crescimento que vive o presente. Sem vício de entardeceres de outros sois e outros mares. Sem avisos ou conselhos. Sem pancadinhas nas costas ou clichês.
Sem sonhos bordados a diamantes transformando pedras talhadas em assentos onde me sento às vezes, não têm conta quantas, para descansar e alucinar, colocados no caminho, para o efeito. E que quase nunca surtem efeito.
E se o travesseiro é bom conselheiro e a noite também, quero que ela não acabe já. Ela que se faça velha. Sem lembranças. Sem laços. Sem pontos cardeais. Faróis. Portos de abrigo. Assim como o povo diz, sem norte nem sul. Desmiolada...
Hoje quero ser uma solitária. Sonâmbula. Sem memória, na noite sem fim.
Sem nada...
Apenas noite. Apenas escura. Silenciosa. Pura...
Queria estalar os dedos e num número de mágico transformar a noite que aí vem, num inesquecível entardecer de mim.
E não ter de lamentar o dia que finda nem a noite que nasce.
Se de noite todos os gatos são pardos, dispo então a minha pele e deixo-a à porta de casa. Na maçaneta que serve para o saco do pão, que pela manhã o padeiro ali vai pendurar.
Nem acendo as luzes, nem entro. Penduro-me na luminosidade dos candeeeiros de rua, a fim de ler nas estrelas que cintilam, lá longe, no firmamento, o que vai ser de mim, carne e sangue, liberta que estou desta pele rugosa e gasta, soma de muitos momentos. Noites e dias.
Esqueci os óculos e não consigo enxergar. Deixo p'ra lá...
Caminho nua de sinais e de ansiedades. De passados e de futuros.
Não sei qual o meu destino. Caminho ao acaso, sem guias nem mapas. Sem instinto. De sobrevivência...
Hoje se puder, quero ser igual a uma alma em crescimento que vive o presente. Sem vício de entardeceres de outros sois e outros mares. Sem avisos ou conselhos. Sem pancadinhas nas costas ou clichês.
Sem sonhos bordados a diamantes transformando pedras talhadas em assentos onde me sento às vezes, não têm conta quantas, para descansar e alucinar, colocados no caminho, para o efeito. E que quase nunca surtem efeito.
E se o travesseiro é bom conselheiro e a noite também, quero que ela não acabe já. Ela que se faça velha. Sem lembranças. Sem laços. Sem pontos cardeais. Faróis. Portos de abrigo. Assim como o povo diz, sem norte nem sul. Desmiolada...
Hoje quero ser uma solitária. Sonâmbula. Sem memória, na noite sem fim.
Sem nada...
Apenas noite. Apenas escura. Silenciosa. Pura...
1 comentário:
Muito bom, Maria Clara.
A.L.
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