Antes de partir para Luanda liguei à Ana Maria.
A minha amiga de infância, vizinha, companheira das brincadeiras de todas as horas, ali no nº 162 ( meu ) da avenida brasil.Mais tarde, adolescentes e depois adultas.
A mãe, minha madrinha do crisma, e as irmãs, vivem em Lisboa e ao longo dos tempos, fomo-nos encontrando.A ela nunca mais a vi. Iamos falando pelo telefone e nos aniversários de uma e outra lembrávamos a nossa amizade, com mais entusiasmo. Tinha na minha lembrança, uma menina de vinte e seis anos, alegre e bem humorada, paciente e tolerante.A simpatia em pessoa.
Prometi que quando chegasse ligava, iria estar na posse de um cartão de uma operadora angolana e ainda não sabia o número. A Ana aguardava a minha chegada, e a minha chamada,portanto.
A chegada à nossa terra depois de uma ausência de 33 anos nunca se aproxima sequer do que imaginamos e por isso não liguei à Ana logo à chegada.A Milú chegara do Dubai e tinha um vôo para a África do Sul.Vai ao cabeleireiro entre um vôo e outro e ali estava já a oportunidade de eu poder andar na Baixa, a pé enquanto ela estivesse no dito cabeleireiro. Achei óptimo.Indicou-me o Espelho da Moda, para que fosse ver o artesanato que ali se vende, pois manifestara o desejo de comprar umas peças para oferecer às minhas pessoas.As recordações que todos gostam de oferecer. E ia já a caminho da porta quando vejo surgir duas senhoras. Uma mulher madura, de porte elegante e expressão serena e a outra, uma jovem branca e bonita com ar bastante europeu.Olhei a mais velha e reconheci-lhe o olhar, a expressão. Fiquei muito tempo olhando-a e sem sair do lugar, parada ali à porta da cabeleireira.Voltei para trás e dise á Milú que podia ter acabado de ver a Ana Rocha. Esta esperou que a Ana chegasse junto de nós e perguntou-lhe assim de chofre, ao jeito próprio da Milú -Ana não cumprimentaste esta senhora... eu, a tal senhora, olhei para ela e só me lembro de ouvir o meu nome repetidamente. A Ana e eu abraçamo-nos num abraço de uma saudade de 33 anos. Não sabiamos se haviamos de chorar ou rir. Uma coisa nós recuperámos, ali naquele instante. A intimidade dos amigos. Aquela coisa bonita de nos conhecermos duma vida.E 33 anos não são nada, comparados com a Amizade. E não há coincidências.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
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1 comentário:
Olá Clarinha,
todos os dias visito o teu blog, e claro que adorei o que escreves sobre mim, tá girissimo (como falam as tias) beijinhos
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