sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

No Metro

Hoje quando vinha para casa, em pé, num metro a rebentar pelas costuras, ouvi uma conversa entre duas miúdas, aí com 20 anos.
Olha, lá ao fundo está um gajo bué da bom.
A outra perguntou: Aonde?
Disfarça, que ele percebe.
Porquê? perguntou a outra.
Ele veio comigo no comboio, sempre a olhar para mim, quando eu olhava ele baixava os olhos.
Mas qual é?
É um bué da alto, de cabelos compridos, de trancinhas e mochila azul.
A outra olhou. E eu também.
De facto ele olhava para elas, era muito giro e bastante alto. Aí da idade do meu filho.
Elas sorriram uma para a outra e saíram no Campo Grande.
Ele ficou no metro e sentou-se onde arranjou lugar.
Lembrei-me da minha filha. Ela é que ia gostar de ouvir esta conversa.
Não foi preciso recorrer à cor para que a amiga daquela rapariga percebesse quem era o tal que passou o tempo da viagem do comboio olhando para ela. E ele era mestiço.
Mais simples não podia ser. Bastava indicar a cor. E esta miúda não o fez. Deu antes indicações normais e precisas. Altura, pormenor de acessório e penteado.
A minha filha não está sozinha a lutar para que as pessoas deixem de ser racistas.
Gostei da miúda. Era bonita, usava jeans e ténis. Cabelos castanhos compridos e era...branca.

2 comentários:

maria disse...

Tu não páras mulher. Já em Lisboa. Confessa que tinhas saudades da capital de Portugal? Advinho que sim.
No teu coração cabem muitas terras e muitas gentes porque é um grande coração, como é? Ai ué MUXIMEEEEEEE.
Também me lembro da " banda " como agora lhe chamam, mas de forma diferente de ti, claro. Tu és especial. Nunca conheci ninguém que gostasse tanto da terra como tu.Bjo

m.c.s. disse...

Pois. Lisboa é a minha segunda cidade e eu adoro andar nela, apreciá-la, usufruir do que ela dá.
Mas a minha terra, aiuê, Chiamiê! A semana passada estava lá feliz e contente e hoje...estou aqui a fazer por ser feliz e estar contente.B.F.S.