sábado, 7 de novembro de 2009

Maria Torrinha

Gosto de Estações, dos lugares de embarque.
Gosto de partir e gosto de chegar, mais do que de estar.
Sinto-me a Viajante. Nómada.
Talvez haja algo de Errante, em mim.
A minha bisavó espanhola, quiçá.Tenho para mim que era cigana.
Sempre que falo nessa possibilidade, por termos, eu, o meu pai e outros elementos da minha família, traços e características que batem certo com esse povo,se é que é assim tão simples, recebo sorrisos de comiseração ou sinais de preconceito. Quando falo em família, não me refiro, como é evidente,aos de casa, esses, são acérrimos defensores de todas e quaisquer minorias e tanto se lhes dá terem origem cigana como sangue real.
A minha bisavó chamava-se Maria Torrinha.E era muito à frente.
Dizem os mais velhos que terá aparecido ali, naquele lugar onde o Judas perdeu as botas, vinda de Espanha, e integrada num grupo que andava de terra em terra, ganhando o pão, como saltimbancos.Era dançarina. Encantou-se pelo meu bisavô, e o encanto foi tanto que este foi deserdado, mas juntou os trapinhos com a dançarina espanhola que era muito à frente e com certeza cheia de encanto e de beleza.
É destes dois que eu venho. Dessa semente. Da vontade de ser livre e da raiz presa à terra.Da teimosia, da força dos transmontanos e da graça,da beleza dos espanhóis. Do salero...

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