sábado, 27 de outubro de 2018

música do ' meu tempo ' - Tempo meu




fotos mcs

Naquele tempo, o das acácias, buganvílias e eu, tudo era cor de rosa; e o arco íris abrilhantava os sombrios dias da menina que eu era - romântica e sonhadora, a viver anos áureos da existência. 
A escola, os encontros de amigas, o coração a bater mais forte, o romance a instalar-se perturbador e exaltante e a música a ajudar - eram tardes longas, crepúsculos de cortar a respiração. Descoberta. Poema e oração - para o meu ser inquieto e jovem. 
Quando me perguntaram se queria ir assistir a um concerto dele, um dos que era ' do meu tempo ' ( sendo que considero este de hoje o meu verdadeiro tempo ) e me entrara vida dentro, passe a redundância, desde a manhã até ao deitar, voz e melodia, naquele tal tempo, o das acácias, buganvílias e eu, a primeira reacção foi de rejeição. Para quê? Para quê mexer num passado longínquo, numa terra amada mas deixada, na memória adormecida, no coração sofrido? 
Mas o ser humano é masoquista e passada a surpresa e a minha questão, disse sim. Faltavam uns meses. Tinha tempo para quase tudo. Até para vender o bilhete se acaso me arrependesse. 
A alma é exigente. E se tem que dar corpo à alegria e à felicidade, precisa de transparência e audácia. Coragem. E liberdade. De ser mais que matéria. E por tudo isso eu fui. Ver e ouvir a minha memória afectiva . E porque a música nos transporta a momentos vividos, afectos sentidos, lugares e gentes, ontem não fui apenas ver um cantor da minha adolescência. Estive cá e lá. Nas Portas de Santo Antão - Coliseu dos Recreios e regressei a Luanda antiga, ao meu bairro, meu liceu, minha rua, meu quarto. Minha jovem e feliz vida.
Salvatore Adamo é o que representa para mim. O passado embrulhado no presente. Um presente do passado.

m.c.s.
P.S. Estamos muito antigos. Pude verificar isso. Os fãs deste fantástico cantor são da década de 50, 60. Poucos da de 70. 
O Coliseu cheio desses kotas assim mo disse.



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