sexta-feira, 6 de julho de 2018

exploração ou não ...eis a questão...

Vinha eu com fome, músculos doridos da aula de yoga e cansada do autocarro; de conversas de deitar fora, piadas e bocejos, com 4 pratos partidos logo pela manhã e mal sabendo que o 5.º estava para partir mal chegasse a casa, quando em frente à Lusófona entrou uma jovem que se sentou ao meu lado. Pegou no telemóvel e iniciou uma conversa. Ouvi-a dizer que trabalhou no domingo à noite num restaurante do Chiado. A lavar pratos. Coincidência? Prestei atenção pois os pratos estavam na ordem do dia.
Queres só saber quanto é que me pagou? Eu cheguei lá e me apresentei no trabalho como ele tinha falado no Helder. Me mandou p' rá cozinha lavar pratos. E eu burra não lhe perguntei qual o salário. Não tens a mínima ideia, amiga. Toda noite a lavar pratos, saí dali com uma dor de costas... Me pagou bem? Nada. Das 21 às 00,30 me pagou só 30 €. Jantei lá. Mas 30 €? Nunca mais. Tenho o meu emprego. Ele julga o quê? Quando terminei lhe perguntei pelo salário, me deu na mão, contei e 
fiquei só a lhe olhar. Me disse que paga assim para todos. Apeteceu-me lhe atirar o dinheiro nas fuças. Sim, a casa fica cheia o tempo todo. Toda hora se lamentarem mas tem restaurante que tá-se bem. Bué de gente a trabalhar. Estrangeiros. Portugueses? Só duas meninas na sala a servir. Tem indiano ou quê, moldavo, brasileira e eu, angolana. Não sei se ilegais ou quê...
Na paragem seguinte saiu. Eu fiquei a fazer contas. Recebeu mais do que 7.50€ por hora, já que trabalhou 3 horas e meia. As empregadas domésticas por aqui ganham esses 7,50/hora. Uma empregada ocasional, levar para casa 30 € por lavar pratos numa cozinha, com jantar, é exploração? Sei bem que 30 € não pagam um passe mensal, metro/ carris mas ajuda e muito. Digo eu, que se calhar seria um desastre a lavar pratos a avaliar pelos que parti num só dia. Mas quem precisa tem de se fazer à vida. A qualquer preço? Eis a questão...

m.c.s.

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