No balanço dos carris, à janela do horizonte, contemplo as gaivotas em terra, nuvens cinzentas, a chuva grossa, o mar revolto: o tempo invernando-se. Enquanto a viagem me leva para casa.
Dou por mim a questionar quantas casas tenho eu. Que pedaço me pertence. A que chão me entrego. Nua e pura. Genuína. Rendida e renovada.
No balanço dos carris, inevitavelmente e por comparação, apelo, nostalgia, ou por ser essa a minha sina, há um momento que me distraio e caminho até à linha que limita as águas em turbilhão.
Ultrapasso-a num passo de gigante, igual ao sonho sem fronteiras, que mora dentro de mim.
Sinto-me, calema. Galgando horizontes.
E quero-me chegada à terra de cacimbos e sois, perfume da flor de frangipani e d' acácias. Sabor de manga, caju, gajaja e pitanga.
Chegada à terra onde o céu se deixa tocar pela ponta dos meus dedos.
Quero-me chegada ao sotaque. Aos contrastes. À raiz...
No balanço dos carris dou colo à minha saudade.
Mas regresso ao inverno frio e chuvoso e garanto o meu lugar aqui.
Havia porém tanto sol e tanto mar para desbravar, uma geografia tão diferente para sentir e percorrer, ( que há muito me tatuou ), fosse eu um albatroz de águas do sul!
m.c.s.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
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