terça-feira, 11 de outubro de 2016

teorema em vez de poema

Acordei com meias palavras, agás (hs) mudos e aspirados, entre-linhas e reticências.
A manhã disse-me para pôr um ponto final nisso.
Não convencida fiz um parágrafo, mudei de linha e fui à procura do ponto de interrogação, do dassse - recorrente interjeição. E do vazio das páginas em branco.
Não se encontra o que não existe. É mera especulação, Alucinação. Ou demência.
A manhã sorrindo trocista gritou-me que desistisse das palavras. Passasse aos números. E começasse do zero.
Ah! Voltar atrás. Riscar tudo o que ficou entre aspas, parêntesis ou travessões! 
Quantas vezes me senti um zero à esquerda e ainda assim arranjei um 31. Em linha recta ou pelas curvas do destino lá me afastei do que não se vê, não se ouve, não se sente e disse de mim para mim - Um dia canso-me das palavras rimadas. Uso aquelas que mais pesam. Na balança. Na actualidade. E luto por uma vida de cinco. Estrelas. Sem lugar a saudade.
Não resultou. Fiquei feita num oito. Porque não sou boa na tabuada. 
Apenas nas presunções.
Acordei nas horas do tempo, na prova dos nove. Na lógica da batata. Na conta errada. No problema. 
A manhã calou-se porque já não pode fazer nada. Tenho de ser eu a usar a regra. De três. Mais do que a simples. A composta. Equacionar com rigor. A entrar no sistema.
Entre conselhos, avisos, evidências e sinais, é tempo de acreditar na prova real. Até porque um mais um são dois. E de resto, nem todas as palavras do dicionário, nem a gramática aplicada, bancos de escola, autores consagrados, poetas, filósofos e psicólogos, poderão mudar isso.
A matemática é uma ciência exacta. E não dá margem. Para erro. E sobra o teorema. Se dúvidas houvesse. Em vez do poema...
Mas não. É que está provado que uma fava nunca deu uma ervilha.

m.c.s.

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