terça-feira, 9 de março de 2010

Tempos de Hoje

Como já aqui referi, diariamente apanho o autocarro para ir trabalhar. E sento-me sempre no mesmo lugar. Junto de uma menina adolescente, já espigadota, a entrar na fase de adulta. Quando ela me vê, desocupa de imediato o lugar vago ao seu lado e cumprimenta-me bem disposta.
Diária e invariavelmente vai ao telemóvel, todo o percurso, que é pequeno, a caminho da Escola Profissional e sai na 1ª paragem que o autocarro faz, a pedido dela, e meu, muitas vezes para a facilitar. Temos esta cumplicidade que eu acho curiosa, sendo que ela tem mais do que idade para ser minha filha, quase neta.
Percebi há muito, que conversa sempre e animadamente com uma colega, presumo, que por ela espera, na paragem do autocarro.
E a conversa delas é uma conversa mole, de se jogar fora, própria de adolescentes quase mulheres. ELE é o sujeito sempre presente.
Hoje, estava mais animadita que em outros dias, e contava que tinha tirado imensas fotos que a amiga tinha de ver. Duma ida à Nazaré, praia mais próxima deste lugar e escolhida por toda a gente desta região.
Eles vão, na Passagem de Ano, no Carnaval, na Páscoa, nas férias, aos fins de semana. A Nazaré está sempre pejada de torrejanos e seus vizinhos.
Por mim, só gosto da Nazaré ao sábado, na Primavera ou Outono. Fazer praia ali, dispenso, bem.
Mas, a minha parceira do lado dizia que tinha tirado " bués " de fotos e tinha uma muito especial, na areia, à noite. À pergunta, respondeu:
Com quem havia de ser? Com a minha alma gémea.
E acrescentou deliciosamente: A minha alma gémea, daquela noite...
Que coisa boa, ouvir isto a uma miúda.
Esta miúda sabe que teve, tem e vai ter várias almas gémeas.
Apeteceu-me rir à gargalhada e dar-lhe os parabéns, mas não quis interromper tão animada conversa.
A minha vizinha de cadeira, aplica o ditado que diz que " o amor é eterno enquanto dura... ". E aproveita o Momento plenamente porque acredita que é único. E não deixa para amanhã o que pode fazer hoje. E pelo que percebi, aproveita o instante como se não houvesse amanhã.
Boa, miúda, gostei de ouvir.
Gostei de saber em que ponto estão as coisas que deixei, quando andava às voltas com os meus adolescentes lá de casa.
E parece-me que estão bem, e recomendam-se!

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