segunda-feira, 1 de março de 2010

Segundas-feiras

Às segundas-feiras, é doloroso.
E silencioso. E mal humorado.
Como se fosse lei instituída.
E escrupulosmente cumprida.
Os adultos, do autocarro, da manhã, fingem-se de mortos.
Por vezes, se reparo neles, pergunto-me se o fim de semana vivido por estas pessoas, será assim tão especial que provoque à segunda, esta ausência espiritual e a relutância em aceitar que há vida durante a semana.
Salva-se a honra do convento com os miúdos que diariamente vão para a escola Artur Gonçalves e viajam connosco.
Sobretudo comigo, que sendo a última passageira a instalar-se, o faço junto deles, no fundo do autocarro.
Acho que já se habituaram a mim e percebem porque me sento ali. Só porque não tenho lugar à frente e duas paragens após a saída da garagem, fico confortavelmente só, porque eles debandam, alegremente.
Ouviu-se uma voz de galarote, já conhecida e que se chama Sérgio, dizer:
Oh Chicoooooo, queres sentar-te ao meu colo?
Gargalhada colectiva lá atrás.
Eu mal esperei para ouvir o Chico descalçar a bota.
O Chico respondeu: Quero.
Puto...fogo! disse o Sérgio todo confundido.
Não era para aceitares, meu.
Outra gargalhada.
Diana, diz o Sérgio, deixa-me sentar no teu colo.
Meu, prefiro o Chico.
Eu liguei o MP3. E fiquei a ouvir Chris de Burgh e o seu, meu Traveller.
Que bela forma de começar a semana...

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