Fui confirmar a minha viagem de volta a Lisboa. À Atlântida que fica na Baixa. Num prédio novo, perto do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Essa rua está vergonhosamente esburacada. Existem escombros do que já foram prédios bonitos e modernos. Os passeios estão estragados e o lixo amontoa-se ali. A Baixa tem de levar uma volta. À semelhança de outras cidades, o centro passa a ser esquecido e abandonado porque se torna local de serviços e de comércio e a habitação quase desaparece. Em Luanda não fugiu a regra. E é uma dor de alma andar por algumas ruas secundárias. Crescem prédios de inúmeros andares em espaços onde havia vivendas e ainda não há um plano arquitectónico harmonioso e não agressor do meio ambiente. Mas isso é política e eu...não é de todo a minha praia. Não sei, não quero saber, tenho raiva de quem sabe e não faz nada por esta Baixa, calcanhar de aquiles da capital, cidade que foi de S. Paulo de Assunção, que até às vezes páro e fico só a olhar e a pensar que os antepassados se voltassem diziam só: Eh, eh, eh, olha só o que fizeram na nossa Baixa! Sukuama mamã...
É por isso que o passado não tem volta, porque toda a gente tem medo de fantasma...
Me disseram, me segredaram no ouvido que " não vivem aqui, senão estava como lá em Talatona, tudo novo, bonitinho, estradas tipo parece pistas de fórmula 1 e tal e coiso..." Disse, não quero nem saber, também, pelo tempo que vou ficar aqui não quero descobrir (?) carecas e ser lançada às feras tipo nos animais selvagens que estão em extinção, mas são donos do pedaço, quer dizer, da selva.
O remédio é não voltar na Baixa para não andar a fugir por entre os pingos da chuva, molha-tolos.
Nem me armar em xica-esperta, com bangas de europeia. A maka é que essas frescuras deviam ter ficado no aeroporto de Lisboa. Afinal estamos em África ou quê?!
Yá! Mas não custa mostrar descontentamento, não por mim que não vivo cá, mas pelo povo que assim nunca mais que vai aprender higiene e conservação não custam senão água numa bacia e sabão azul e branco e respeito pelo outro. E progresso não é utupia, nem mania de rico pançudo.
Umas carências puxam nas outras e de repente já não se sabe se o mal é do cu ou das calças...
Não é assim tão básico mas numa leitura transversal está tudo mal ali, onde já foi sala de visitas da cidade e a precisar de uma grande volta. Daquelas voltas de virar do avesso.
Esperemos que haja algum, muito senso e que um dia a Baixa profunda, não ali nas ruas principais, ou junto ao mar, e quem de direito, volte a oferecer o sofá para a gente se sentar e preguiçar. Se sentir em casa.
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