segunda-feira, 30 de abril de 2012

em terras de castelo branco








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fim de semana

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Há destinos felizes.
E depois de voltar ao lugar da partida agradeço a Deus por isso.
Não. Não venho mais católica. Nem mais praticante. Nem mais beata.
Venho sim mais contente, mais tolerante. Com mais mundo.
Mas não foi fácil chegar à rodoviária e dar com um bando de gente, que conheço, mas que teve o seu auge nos anos 60. Apenas aí uma dúzia era da minha idade ou um pouco menos.
Quando me convidaram a passar dois dias fora de portas, para visitar aldeias típicas que não conhecia, julgava que eram professores e educadores de infância, que apesar de reformados ainda têm muito chão para chinelar e muito sonho para cumprir, como a Graça.
Mas quem me disse que uma criatura de 89 anos não tem sonhos? E não percorre alguns dos caminhos que eu, a Graça, a Ana, a Amélia, a Eduarda ou o Jorge percorremos com uma perna às costas?
A mulher mais velha deste grupo onde me inseri tem exactamente 89 anos e foi um exemplo. Mas eu, no início da viagem não o sabia. E precipitei-me. Acontece algumas vezes.
Ainda não tínhamos cumprido a primeira parte da viagem, que era a chegada a castelo branco e já eu, falando com os botões, me perguntava enfadada: maria clara, maria clara, o que estás aqui a fazer?! Metes-te em cada uma!
Ao meu lado, a Rosário. Uma mulher mais velha que eu. Conheço-a há muitos anos. Sempre do mesmo jeito. Bonita, discreta. Agradável e terna. Educada e sábia. 
Do outro lado, a Ana e a Amélia. À frente, a Eduarda e a Vina. E à frente delas, a Graça e o Jorge. A ideia de que eram pessoas da minha geração, com os mesmos interesses, confortou-me. A chegada a Castelo Branco, também. Terra agradável com um jardim lindo, o Jardim do Paço.
Não ia a Castelo Branco há alguns anos e foi simpático, como diz a Rosário. Depois rumamos a Alpedrinha, uma localidade igualmente simpática, para visitar o centro histórico. E aí mesmo, seguiu-se o almoço num sítio  tão simpático como a localidade e o centro histórico. A comida era cinco estrelas. A conversa animada e a disposição outra. A melhorar.
Ir para a Guarda entusiasmou-me por ser  uma terra de passagem, onde nunca entrara. Interessou-me visitá-la. Sentir-lhe o pulso. A zona nobre da cidade e o centro histórico. Onde os judeus se instalaram e permaneceram. Gostei muito. Gostei da Sé. Gostei do cafezinho debaixo das arcadas com as mantinhas nas costas das cadeiras da esplanada e da menina simpática que connosco conversou e me serviu, mais à Amélia, Rosário e Ana, chá e pastéis de nata, na falta de doçaria regional que íamos à procura.
O jantar foi no Centro Apostólico que fica isolado e fora da cidade onde pernoitamos. O frio intenso e o desconforto dum espaço que apenas alberga 6 pessoas; 3 freiras velhotas e três empregadas, notou-se na logística dos quartos, na falta de aquecimento nos mesmos, nos corredores e até na luz que por força  de tanto aquecedor ligado muito de repente, bem como a máquina de lavar a loiça,  fez estoirar com o quadro. 
De resto, tudo simpático. Uma lareira numa sala grande aqueceu-nos até à hora de nos deitarmos o que fiz por volta das dez. Nem estava a acreditar que os poemas duma alma de Deus que fora bancário no Totta, e que conheço há mais de 300 anos, na esperança de animar o serão de todos nós, me fez bocejar estúpida e antipaticamente a cada quadra ou o red fish assado no forno, adivinhado pela Amélia, num de caras, parece que era bruxa, que só podia ser red fish, com o puré de batata migada com o grafo, temperado com azeite, ou dos grelos cozidos e da salada por temperar, ou até do pudim flan ou o rosto de algumas reformadas há mais de 500 anos que se riam a bandeiras despregadas com as anedotas do Zé Luís que segundo percebi as repete a cada encontro destes. A criatura em questão, um  reformado bancário do Ultramarino, é minha conhecida há muitos anos, mas d'outros carnavais e a sua mulher não acabou a noite sem que mo lembrasse não fosse eu estar esquecida: Sabe?! o meu marido foi colega do seu sogro, muito ano, no banco. Acenei afirmativamente e ficamos por ali mesmo. Cruzo-me com o casal nas noites que vou andar os 7 kms mas foi no sábado que ela desenterrou o passado que eu tento enterrar e que teima em dar um ar da sua graça a cada encontro assim. Falar de sogros não é boa política. Não p'ra mim que nunca me finjo de morta nem enfio a cabeça na areia cobardemente. Mas pronto, a mulher do Zé Luís nada sabe de nada. A Deodata, professora da minha cria nos primeiros 4 anos escolares também não e abriu a boca espantada e só não lha fechei porque o fez com uma agilidade de estar muito habituada a notícias bombásticas ou em segunda mão fingidas que são a escandalosa surpresa do século. A Deodata sempre me pareceu boa pessoa. Pertence aos escuteiros. Vai à missa. Foi minha colega no ginásio. Tem um casamento que sólido e o mais importante de tudo, sempre admirou profundamente a minha cria. Seguiu-lhe os passos e sempre me abordou quando não o conseguiu acompanhar nas passadas rápidas que o caçula tem dado, a fim de não perder o fio à meada que interiorizou que é da sua lavra. Eu acho bem porque uma professora primária pode ser fundamental na nossa vida. Nesta viagem abordou-me também à semelhança de outras ocasiões: Então o David? Como é que ele está? O que é que está a fazer? Gostava tanto de ver os seus trabalhos...
E lá lhe disse que estava fora. Que iria fazer um trabalho p'ra Guimarães e que o apresentaria brevemente. Que já lá fora com outro projecto. Que felizmente o ano de 2012 tem sido bom e vi o seu rosto desenhar um sorriso sincero e os olhos brilharem num misto de alegria e orgulho como se me dissesse: O meu menino! 

Deu-me o seu contacto para que a informasse do próximo espetáculo em portugal, depois de lhe ter tecido enormes elogios.
A viagem já estava a valer por esta conversa com a Deodata, uma mulher bonita, mais jovem que eu, dois ou três anos, e que foi tocada pela personalidade da minha cria.
É curioso que neste grupo estavam pessoas com quem privei, com quem privo, com quem nunca privei mas conheço de sempre e com quem nunca privarei senão excepcionalmente. Esteve também uma educadora do infantário onde as minhas duas crias andaram desde bebés até aos três anos.  E outras.  Até o motorista, um homem bonito e novo, que já conheço do TUT e  há uns tempos atrás, telefonou ao colega do autocarro para Alcanena para que esperasse por mim pois vinha atrasado e sabia que eu ia para Alcanena, me chamou para que me aquecesse na lareira quando saí da sala de refeições. Está com frio, disse. Vá ali para junto do fogo. E eu fui e sentei-me mesmo junto ao calor da lenha que ardia em noite de primavera como se fosse inverno. 
Quando decidi ir para o meu quarto já não me perguntei o que estava ali a fazer.
Sabia que estava a fazer a coisa certa. Para me sentir bem. E mais uma vez me lembrei da Rosário que adjectiva de simpático tudo o que apesar de não ser uma vida cara pode ser uma vida boa.

bom dia


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Bom Dia Gente linda. 
Bom dia meus kambas.
Hoje é segunda-feira, e eu estou de férias.
A função pública é assim, ganha-se pouco mas é uma Alegria. 
É só o 30º dia de férias a que tenho direito por ter tido o dever de trabalhar há mais de 30 anos e ter mais de 50 primaveras, verões, outonos e invernos.
Desejo a todos um dia perfeito na imperfeição que mora nos dias..

fins de mundo

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Há fins de mundo que são mesmo aqui à mão de semear.
Há fins de mundo que ficam aqui ao dobrar da esquina mas que por uma razão ou outra, ou ambas, não conhecemos.
Há fins de mundo muito frios. Gelados. Nevados.
Que nos tocam calidamente e nos aquecem a alma.
Há fins de mundo que estão nos nossos horizontes. E que nos fazem sentir em casa. 
Sorrir e divertir. Sermos mais felizes.
Este fim de semana estive num, vários fins de mundo, que me abraçaram naquele abraço maior que o mundo.
De um tamanho sem tamanho.
Quem havia de dizer...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Circo chegou à cidade do Almonda





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quinta-feira, 26 de abril de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

a 1ª foto

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Esta é a 1ª foto de muitas, resmas,  espero, que hei-de tirar.
Tinha de ser a Pitanga a cobaia. Enquanto vejo o jogo do dia, D. Pitanga à semelhança de outros dias, vai colocar-se em ponto estratégico. Acho que é por causa do calorzinho que a velhinha televisão deita, ou porque quer dar nas vistas.
Pena foi que a história dos olhos não tenha sido regulada e os seus olhitos estejam transformados nestas duas luzes que nos batem nas vistas e até causam dor de cabeça.
Tenho de estudar bem este assunto que tenho entre mãos, este quebra-cabeças para a minha cabeça matumba, para assim poder usufruir do que a máquina, um pouco melhorzita que as outras, me oferece.

muzongué das origens

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A liberdade de poder almoçar no campo, junto da família.
A liberdade de almoçar descansadamente no dia da Liberdade.
A liberdade de procurar as origens, mesmo se estamos cá deste lado do mar. Mais a norte.
Muzongué. Ou, caldo de peixe.
Estava  soberbo.
Obrigada Lurdes e mano Zé. Pelo almocinho e pelo resto...

Sérgio Godinho - Que há de ser de nós?

viva o 25 de Abril!


No Coliseu -A Morte Saiu á Rua(José Afonso) TvRip.By.Gui.

morreu um homem bom

Ontem morreu Miguel Portas. Na Bélgica.
O eurodeputado do Bloco de Esquerda lutou com uma doença que o venceu.

Morreu um homem inteligente e íntegro.
Um político honesto.
Gostava da figura deste político. Respeitava-o e admirava-o.
Gosto da irmã, Catarina Portas e da sua mãe Helena Sacadura Cabral.
Admiro e gosto do Bloco.
Lamento. Profundamente.

um dia como outro qualquer

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Desci no fim do viaduto. Euromilhões por meter. Estrada para percorrer.
Sem pressa, resolvo fazer  a avenida até ao quiosque da Fernanda, desprezando o do jardim.
O castelo está uma beleza. De novo. À semelhança dos outros dois anos passados. Engalanado, espera ansiosamente o início de Maio para cumprir a função.
A feira medieval que tanto orgulha a população; eu mesma fico numa vaidade, de fazer parte desta cidade nesses dias, e sobretudo, envaidece  o alcaide. É vê-lo inchado que nem um pavão por entre a multidão. Isso é verdade, ele gosta de andar no meio do povão, porque afinal ele vem do povo. Espeta-figos, a alcunha desde os tempos da escola, só pode ser alguém que é de casa. Da casa. Deste burgo que se enfeita para receber a festa do ano, já que não haverá  festas da cidade, em Julho. Por causa da ajuda que a câmara dará às festas  da Benção do Gado, de Riachos, terra onde vive a caçula. A tal que tem um cortejo que leva o Senhor Jesus do altar da igreja de Santiago em Torres Novas para Riachos. E cujo ponto alto é o cortejo do Senhor transportado em carro de bois. Depois há animação para o povo, com os artistas que levam balúrdios. Mas festa que é festa tem de ter pelo menos um cabeça de cartaz sonante. E esta também não foge a essa importância.

Portanto, não havendo Festas da Cidade, desde que me lembro delas começarem e foi há tantos anos...nunca houve interregno, não virão os doutores de Coimbra cantar fado da mesma, no barco de sempre, rio abaixo que mais fica parado do que navega nas águas despoluídas do Almonda. Já não haverá fogo de artifício pouco depois das 11,30 do último dia de festa, houve um ano que coincidiu com o meu aniversário. Nem haverá  tasquinhas com a miga à pescador ou os petiscos da paróquia, ou o pão com chouriço da Antónia. Nem artesanato. Nem a ginja servida nas chávenas minúsculas de chocolate.  Nem a praça 5 de Outubro se encherá de miúdos que vêm de Lisboa onde estudam ou já trabalham, para se divertirem nos bares, ou nas discotecas da cidade. E que se vão juntar aos que são destas terras mais próximos, tipo, Golegã, Entroncamento, Riachos, Abrantes, Tomar, Alcanena para beberem copos. Nem as bandas da região se exibirão. Nem veremos actuar pelo menos um cantor de peso ou uma banda de renome nacional.
Prossigo a minha caminhada, mas faço umas fotos ao castelo. Acho que sou uma sortuda porque vivo num lugar que tem um rio bem no centro da cidade e um castelo paredes meias com o rio e connosco. Porque será então que quis sempre fugir deste lugar? Estou cansada de perguntar e a resposta nem sempre é a desejada. Houve um tempo que parecia que queria fugir de mim e parecia que por isso queria fugir também desta terra. Hoje já não é isso. Já me enfrentei. Já me estripei. Já me perdi e  encontrei. Mas mesmo assim quero partir.
Há momentos que acho nunca vou ser feliz. Vou querer sempre estar onde não estou. Será? Um dia vou saber.
Hoje, o que quero mesmo é comprar o euromilhões. Páro em frente ao quiosque. A Fernanda está de costas. Meto-me com ela.
- Tá boa Fernanda? Não me pareceu que estivesse. Sorriu numa careta que não se preocupou em disfarçar.
- Olá d. Clara. Como é que vai isso?
Decididamente hoje não é dia. Não insisto.
- Vai bem. Não tenho hábito de me lamuriar com quem só pergunta por mim por educação e delicadeza. Estou sempre bem mesmo que esteja a sangrar por dentro. Estou a aprender que nem com quem me é chegado me devo queixar. Há quem não acredite, mas não quero preocupar ninguém que esta vida já tem preocupações que cheguem.
Vi umas cautelas no balcão e li - Dia Mundial da Dança. E nem pensei duas vezes. Pode ser que seja desta. Vamos a comprar, maria clara. Quem sabe? E logo ali pedi um boletim do euromilhões de 2 euros e a dita cautela. Vamos ver se enriqueço. Era giro. Até me apetece dizer que, era bué da bom. Caraca!
Não perdi muito tempo no quiosque pois que a Fernanda não está para amar. Quando à despedida me desejou um bom feriado e muitos cravos, consegui arrancar-lhe um sorriso porque acrescentei : Agora ? Só cravos encravados.
- Encravados estamos nós, diz uma senhora que chegara entretanto. Trabalhar sem receber ordenado é um encravanço daqueles. Eu sou uma dessas.

E percebi que bem perto de mim há gente pior que a Fernanda ou eu. Eu sei que sim, claro, porque não ando a ver passar os comboios, mas bater de frente com quem não recebe o ordenado faz-me sentir muito feliz porque afinal o meu ordenadinho ainda lá cai. Este mês tombou na minha conta depois de toda aquela roubalheira com que não me conformo, mas tombou.
Afinal, somos uns conformados, mas fazer o quê? Não sei disparar nem tenho licença de uso e porte de arma de caça nem tão pouco carta de caçador...de almas, como eles.
Continuo o meu caminho. Sentados na esplanada nova em frente à escola Maria Lamas, um grupo de miúdos falando animadamente e uma senhora que conheço há muitos anos mas não via há muito tempo. 

Veio de Angola e lá, trabalhou num estabelecimento prisional no sul do país. Habituei-me a vê-la porque visitava o tribunal  de Torres Novas imensas vezes para obter a requisição para o médico dos serviços sociais do ministério da justiça, isto quando pertencíamos a este sistema de saúde. Tinha uma característica curiosa mas muito pouco agradável, para ela, andava como se tivesse calos nos dedos dos pés que até doíam a quem simplesmente olhava p'ra ela. Sorriu-me e cumprimentou. E eu retribui. 
Chego a casa. O silêncio de sempre. Não toquei à campainha. Abri a porta como sempre, dando à chave. A Pitanga surgiu de imediato a afiar as unhas no tapete da entrada. Espero um pouco e depois agarro nela. Fecho a porta. Estou finalmente em casa.

terça-feira, 24 de abril de 2012

a campainha

Este é um gesto que parece totalmente insignificante. É preciso ter campainha. E dedo para tocar. Eu tenho dedo e campainha. Mas falta-me sempre quem me abra a porta. Hoje, dia raro, toquei à campainha e a porta abriu-se. A minha porta de casa.. No Ribatejo. 
Às vezes a felicidade chega-nos num gesto tão simples como este. Em que deixamos de estar sós.

colo


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Há dias raros. 
Em que nos servem a refeição na nossa própria casa.
Ficamos no sofá enquanto uma princesa nos prepara uma massa fantástica, nos serve o sumo de laranja e ainda nos oferece um sorriso.
Hoje foi um desses dias raros.
Dia de mãe antecipado. Ou dia de filha e de mãe que pode ser um dia qualquer. 
Ou...todos os dias...raros como o de hoje.
Sabem que mais? Colo de filha é o melhor colo que há no mundo. 
Igual a esse, só de filho.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

parabéns Paula


Tenho um desejo para ver acontecer. Que continues a iluminar as nossas vidas.
Tenho um pedido para te fazer. Que continues sorrindo para  a vida
Tenho um abraço para te dar que seja maior do que o universo.
Tenho mil beijos para te beijar por muito dias das nossas vidas.
Tenho muitas gargalhadas para gargalharmos mesmo em dias e noites daqueles que ninguém quer.
Tenho um sonho para ver concretizar-se. Seres muito feliz.
Tenho um agradecimento para te fazer porque foi bom entrares na minha existência faz hoje 44 anos.
Parabéns minha irmã caçula. Que este dia se repita por muitos anos. Sempre com saúde.
Amo-te muito. Que quer dizer, amo-te tudo.
E o meu grande, enorme , imenso desejo, é ver-te sempre seguindo por esses montes acidentados mas onde nascem flores para enfeitarem o teu caminho.Um dia chegas lá. Ao lugar da felicidade, minha querida.

ao domingo

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Lisboa sempre magestosa. Primavera cinzenta e chuvosa. E eu a caminho do fim de semana para mais dois dias diferentes. Se o consegui? Acho que sim. Cumpri a função. Satisfeita? Também. Pelo meio muito trabalho e algum lazer.
Há muito tempo não ia Colombar naquele espaço que eu e uma amiga chegámos a dizer que era a nossa segunda casa tantas eram as vezes que lá íamos assinar o livro de ponto. Sei que não é chique dizer que gosto de centros comerciais, nomeadamente, principalmente, do Colombo, que é mesmo uma grandessíssima piroseira, coisa de pobre, etc e tal, eu sou isso mesmo, que mais faz?  
Para azar meu perdi imenso tempo para perceber que não tinha perdido o cartão de crédito e o que ali me fizera ir, acabou prejudicado. Vi-me com tempo apenas para jantar em dois minutos, um daqueles gelados de iogurte a que acrescentam a fruta que queremos e molhos e chocolate e tudo e tudo. Confesso uma coisita. O tempo ficou tão limitado que terminei o meu jantarito, nem acredito que vou dizer isto, mas vou. Terminei o meu jantarito na casa de banho do espaço do cinema do Colombo e depois foi correr até à sala 3, fila O nº 10 para ver Assim Assim, isto tudo depois de ter respirado aliviada porque afinal não tinha ficado sem o meu cartão de crédito e na insegurança de ter apenas 10 euros na carteira. Antes dei uma vista d'olhos pelas lojas que me interessaram a ver se encontrava uma prenda de aniversário, tendo percebido que teria de voltar na manhã de hoje, domingo. E como o que tem de ser tem muita força, hoje logo pela manhã lá estava.
Tendo que ir à fnac comprar bilhetes para o Rock in Rio, último dia, um p'ra mim e outro para quem o apanhar, mentira, o outro é para alguém que faz aninhos amanhã, dirigi-me à bilheteira. A primeira pergunta que a funcionária me fez foi se tinha cartão fnac e tenho mas em casa. Esta mania de andar em Lisboa com carteiras de traçar, pequeninas, para não correr o risco de ser roubada, dá nisto. Não transporto a maior parte da tralha do costume e não transporto também a tralha que não é tralha e nem cartão fnac nem cartão de contribuinte para localizar o meu número de cartão para assim usufruir de um desconto. A menina de nome Sandra foi tão simpática comigo que de tudo fez para que tivesse o desconto. Quando falava ao telefone com uma colega dando-lhe os meus dados e segurando no meu BI, olhou-me apontando  com o dedo a minha naturalidade  num sorriso de orelha a orelha que me fez perguntar se era também de Angola.
Claro que foi bonito de ver. A Sandra fez aquilo que eu já fiz imensas vezes.Surgiram depois as perguntas, tipo, tem lá ido? Ou,  tem saudades? Ou ainda, não volta p'ra lá?
Em qualquer lado encontramos gente nossa que nos ajuda e nos dá a alegria de nos sentirmos a pisar o nosso chão. Como diz uma amiga minha, sorrindo porque estamos em casa. 

domingo, 22 de abril de 2012

nos cinemas

Filme português a ver. Assim assim...

a não perder

A ver.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

pela manhã

- Anda aqui um gajo rua acima rua abaixo, até quando? E a rua cada vez mais inclinada.
- Tens de usar sapatos aderentes, disse-lhe eu parando à sua frente. 
- Quando é que isto termina, sabes dizer, Clara?
A coisa hoje está preta para os lados do João S. . Já o tinha visto ao longe. Gabardine bege, saco vermelho, enorme, com a publicidade da vodafone. Olhando a biqueira do sapato sem ousar levantar o olhar.Acompanhando os passos, rua acima.
- Hoje é sexta-feira João, esquece. 
- Venho desde S. Pedro ( lugar onde vive ) a escapar por entre os pingos da chuva. 
- É o que fazemos todos, deixa lá. Um dia destes reformas-te. Falta-te muito?
- É aos 65. Tenho 20...
Não percebi o sarcasmo nem as contas.  Mas percebi que hoje o João não está para brincadeiras.
- Estou farto destes gajos...disse a finalizar a conversa no meio da rua, ia eu para baixo e ele para cima. 
Deixei-o ir rua acima até ao estádio municipal, onde trabalha. Fui também eu de sorriso amarelo a caminho do meu ganha-pão. 

Dry The River - New Ceremony

envelhecendo


- Diga?
- Um R.C.
- B.I. Qual a finalidade?
- Entregar na Câmara.O costume. Aguardam que o documento saia. Enquanto isso, ou se calam à espera ou falam ao telemóvel ou chamam a nossa atenção.
- Este tribunal sempre vai fechar? perguntou ela. 
Uma mulher nova. Cabelo loiro, rosto lavado, olhar sereno. 
- Acho que sim. É o que se diz. Está na lista.
. Que chatice. E os senhores, vão para onde?Olhei-a. Doi-me a cabeça. Os olhos. E até os nós dos dedos. Doi-me a barriga. os joelhos e os pulsos. Doi-me tudo. Vão para onde? Eu ia para casa, já. Não devia de lá ter saído. Mas o dinheiro perdido mais o que nos querem levar não está p'ra frescuras. Viroses. Não aparece na folha que a partir do dia 15 a gente pode ver na net. 
- Não sabemos. Respondi-lhe. Fala-se em Santarém. 
- Então os senhores vão deslocar-se para longe.
Sorri-lhe. Sorri para a constatação dela.  Para longe? Para longe irão os utentes de Ourém que ficam na extrema, já perto de Pombal, ou de Leiria, os de Minde, os de Fungalvaz, ou Pafarrão se tiverem que ir a Santarém. 
Para longe? O que é longe? 
- Eu quero ver se não vou. Já estou à espera da reforma.
- Já? mas a senhora ainda não tem idade...
- Tenho, tenho. 
- Não tem aspecto disso. Ainda é nova. Lá me lembro eu de novo do dr. Lizardo, advogado distinto de Torres Novas que no meu estágio já  era reformado e tive o prazer de homenagear no jantar de despedida, no restaurante Manuel Dias. Nesse dia percebi que no inverno não se  podia ( ? ) vestir calças vermelhas. Não era de bom tom. Chovia que Deus a dava. Entrara há pouco tempo para o estágio e era inverno. Chegara há pouco a Portugal e de onde vinha não havia regras para a cor da roupa. Eu não as tinha. Nessa noite, não fora ser novidade entre o grupo da família ( ?) judicial  e teria sido muito criticada por usar calças vermelhas ou encarnadas, como quiserem, em pleno inverno e noite de chuva, não fora haver poucas mulheres no grupo...
O dr. Lizardo dizia com certa graça quando lhe diziam que estava com bom aspecto que não se queixava do aspecto. Assim estou eu. Ainda não tenho idade, o tanas. Daqui a dias o tempo passou e eu sou uma sexagenária. Jesus Maria que eu achava que nunca envelhecia...que eu ainda hoje olho para gente da minha idade e acho-os a todos mais velhos e esqueço-me de olhar bem para as minhas rugas, para as minhas limitações, para a minha mortalidade. Ou não a encaro. Eu que me prezo de olhar nos olhos seja de quem for, de enfrentar seja o que for...
Sorri de novo. Vou fazer 57 anos não tarda muito, disse-lhe,  para que se convencesse que posso reformar-me já. - Ah, mas parece mais nova. Nem tem muitas rugas. Parece mais nova.
Hoje foi dia de lembrar-me de coisas que parece não eram para serem atiradas para o sítio das memórias, mas eram. Lembrei-me da Mira. A brasileira que gere o Tejo Bar que a propósito da reforma me disse no seu sotaque nordestino: Você ainda não está na idade de se aposentar, está? E depois de lhe dizer que sim e perguntar que idade achava que teria, me respondeu: Uns 57,  58? Eu sei que ela fez contas de cabeça, reforma aos 65, se ela me pergunta que idade eu acho que ela tem vou atirar com 57, 58, para lhe agradar. Quase aposto foi este o pensamento da Mira às 4 da manhã de domingo. Claro que se pudesse tinha-lhe torçido o pescoço.
Voltei a sorrir à mulher simpática, que tinha à minha frente. Entreguei-lhe o R.C. Desejou-me bom fim de semana e felicidades. Preciso. Preciso muito. Agradeci e retribui. E o meu dia continuou. Envelhecendo.

terça-feira, 17 de abril de 2012

vizinhança


Trrrrrrrrrriiiiiiiiiiiiiiiiiiim! Trrrrrrrrrrriiiiiiiiiiiiiiiiiiim!

Levanto-me do sofá e vou espreitar. Minutos antes ouvi os índios baterem a porta da frente e descerem a correr escada abaixo.
Ou eu vejo mal ou o óculo da porta está meio baço. Percebo que é mulher e ruiva. Gorda e de óculos. 
Desconfio desta figura e decido abrir a porta. -Olá, queres pagar o condomínio? -Claro. A Pitanga vem também e despachada já está a cheirar-lhe os pés. Apeteceu-me dizer-lhe: Que nojo Pitanga!Em vez disso fui buscar a carteira. Não tinha troco. Desceu dois andares e voltou de seguida com a nota de 5 euros. Queria conversa. E começou: Já viste isto? Como é que uma porta destas cai sozinha? - franzi a testa.
- Caíu sozinha? Não  pode ser. Uma das portas do contador da minha vizinha do lado.
- Diz que sim. Dão cabo de tudo. E as vezes que a luz das escadas fica acesa a noite toda? Ainda ontem fui apagá-la à uma e meia da manhã. Pois claro, pensei eu. Como é que alguém está à coca do que se passa no prédio a uma hora tardia? Ela e a vizinha do rés-do-chão. Já é sina as  vizinhas do rés-do-chão serem cuscas. E continuou - Os miúdos são o que são.  E a mãe é bruta e não lhe digo mais nada, que é mal educada. A  mãe em questão, é a minha vizinha que se mete comigo a propósito das compras e me trata por vizinha quando me encontra na loja da Rita ou nas imediações. Que já fez festas à Pitanga e me cumprimenta sempre que me vê. E ri-se. E até já me pediu um pau de canela para fazer arroz doce. É bruta e pode ser mal educada? Podemos todos. 
- O marido não, diz. O marido é pacato e educado. Já estava cá a faltar. As cuscas têm sempre simpatia pelos homens da casa. Só não têm pelos delas que os põem nas ruas da amargura. 
- Eu quase não conheço o marido, disse eu. Mal o vejo. 

- Olha, estava cheia de medo dos meus vizinhos da frente. Dos que pudessem vir para cá. Sabes que a casa já foi alugada... Não. Não sabia. Deixei-a falar. 
- Tinha medo que viessem para aí, ciganos. Jesus Maria! É que eu já estou como a minha cria. Como é que ela me foi dizer uma coisa destas?! A mim? Fiz esforço para ficar calada e consegui. Deixei-a continuar - Mas não, felismente. Voltei a respirar fundo para não disparar a matar.
Ela prosseguiu.  É um viúvo. Entra e sai e não faz barulho nenhum. Nem se ouve. 
- Mas vive sozinho? perguntei. - Não, vive com um filho. É o Sr. Francisco. Deves conhecer.  Deves conhecer...esta mulher pensa que eu dou fé como ela nas pessoas que moram nos prédios ao lado, na frente, atrás. Na cidade inteira, só porque sim.
Prossegue  -  Morava ali no prédio da pizzaria. Ainda não te cruzaste com ele de manhã? 
Ao invés de lhe dizer: Vai-te catar, minha. Se estivesses a vergar a mola como eu nem sequer tinhas tempo p'ra te catares quanto mais para fazeres a radiografia a  quem mexe. Mas fiquei-me  pela resposta mais ou menos correcta.- Não. De manhã saio a correr. Ah, e a porta está sempre aberta de par em par, disse. Já que o marido é o administrador do condomínio que não se fique só pela cusquice e providencie para que a porta se mantenha fechada, mas a criatura o que queria era dar recados e continuou:- Pois, pois. Olha, de manhã eu oiço é a tua varinha mágica. Todas as manhãs. Eh paaaaaaaaaaá! Eureka! Bingo! Finalmente fez-se luz. A mulher chegou lá, onde queria. Tanto rodeio mas conseguiu. Ri-me.
- A minha varinha? Como?
- Sim. A varinha. Eu achava estranho  que fizesses sopa todas as manhãs. Só para ti...A Augusta a essa hora  já não está, mas só podias ser tu.Eh paaaaaaaaaaá! Um  caso de polícia. Quem faz sopa às 8 da manhã? Eis a pergunta. - Mas olha que a vizinha do rés-do-chão achava que era eu que me punha a fazer sopa logo ao acordar. - Não faço sopa a essa hora. Queres saber o que é? E os olhinhos dela sorriam expectantes. Há gente muito pequenina e esta só não parecia uma formiga porque estas são um exemplo. Bicho que respeito e nunca mato e animalzinho que alguém que amo muito, mais admira. E disse que todos os dias faço um batido e uso sim a varinha mágica. E não lhe disse que temos pena mas não vou deixar de o fazer porque as madames às oito da manhã não querem ouvir a varinha mágica.  Pois temos mesmo pena mas se se apagam luzes à uma meia da  noite era o que me faltava que não pudesse tomar o pequeno almoço que me apetece. 
Ontem, passei mal. Quando assim é assusto-me porque estou sozinha. A precisar de repente, tocarei à campainha  da mãe dos índios ou da Augusta. Esta nem me ocorre. Porque será? Porque a ignoro. Esqueço-me dela até que ela me lembra da sua existência porque está sempre à janela ou me toca à porta agora que é mulher do administrador do condomínio. 
Vizinha querida, que conheço há 3 décadas e da qual nunca consegui ser amiga, percebe-se bem porquê, tens de gramar a minha vizinha do lado e aos seus insubordinados filhotes.
E a mim e à minha varinha. Até que me reforme ou enjoe os batidos.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

eu e dona Pitanga

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Dona Pitanga quebrou o azedume.
Ontem, não comeu nada do que lhe pûs. Cada lata custa 1,09€ e eu não lhe aturo madurezas. Não quer comer, não come. Descartada que foi a hipótese de estar doente. Prendeu o burro vai ter de o soltar.
Já eu, não descartei para mim essa realidade,  estou aqui estou na cama tapada até às orelhas, pois que tenho uma dor de cabeça que se me ferrou na hora do almoço e nunca mais me largou. A caçula perguntou: Já tomaste alguma coisa? Eu não, disse-lhe. Nem tenho nada para tomar. E não tenho mesmo porque nunca me lembro que existem medicamentos para isto e para aquilo. Diz-me: É porque nunca tiveste daquelas dores de cabeça que... e eu já lhe ouvi tantas vezes isto que sei de cor e salteado o argumento e só me dá para rir.
Pois. Cada um com as suas dores, que  cada um sabe de si e Deus sabe de todos e sabe com certeza que estou que nem posso por uma gata pelo rabo. 
Será quebranto? Não deve ser. Que tenho eu que provoque inveja? Bem sei que os invejosos até nos invejam as maleitas. 
Em suma, estou com sintomas. Doi-me a testa, os olhos e até a cana do nariz. Estou de pingo no nariz, o estômago e a barriga às voltas e doi-me os ossinhos todos o que não me parece nada bem, que eu não tenho paciência para este estado de desgraça, porque se  estou deste jeito vitimizo-me e quero  atenção, companhia e mimos. E não há como ter tudo isso. Ó meu jesus, não me lembro já de ter estado nesses despropósitos e de quem me aparasse o jogo. Só mesmo dona Celeste e  Sô Santos me davam colo. Agora que penso bem nisso, só mesmo eles. E foi há tanto tempo!
Sô Santos uma vez até chorou por estar doente, tinha eu 15 anos e ninguém sabia o que tinha, mas que tinha, tinha. E até confessou ao amigo dele Sr. Setas, um negro de quase dois metros, são tomense, que trabalhava na Fazenda Nacional lá na Mutamba e usava balalaica, sapato preto e branco e chapéu na cabeça. Quase tão feio como o caboverdiano Bana e de uma delicadeza e educação que me deslumbrava. Menina Clarita o que é que tem que está tão magrinha? O pai anda muito triste. Um dia destes até chorou aqui ao pé de mim.  Não sei o que a minha Clara tem. Anda doente e não melhora. 
E eu que achava que o pai nem sequer dava pelas minhas kamuekas, afinal andava de olho em mim e não só pagava as consultas e os medicamentos como andava muito apreensivo e assustado. Coitadito do sô Santos! Só lhe dei valor quando as crias passaram a existir na minha existência. 
Não posso ficar doente. Nem tenho mimos...nem tenho mimos. 
Apeteceu-me fazer leite com café bem escuro e  pão de sementes com manteiga e molhar o pão no leite. Quando me apetece leite com café e pão com manteiga ou estou carente, ou estou grávida ou estou doente. Descarto a gravidez evidentemente e por vários motivos e sobram-me motivos válidos. Carência e doença.
Talvez por isso a Pitanga, Pitanguinha, achou por bem vir ao mimo e dar miminho. Que até me comoveu.
Não sei porque sinto saudade dela quando estou fora, mesmo que por dois dias. Não sei porque me ponho a pensar que está sem luz, sem a minha voz, sem televisão, sem o meu colo. Onde é que isto me vai levar?
Sei que esta gatinha é uma princesa e deve saber disso. Amua, não come,mas depressa lhe passa.
Hoje, veio comer à minha mão. Subiu para o meu colo e até me lambeu as mãos e fez festas com a patinha.
Dona Pitanga é uma companheirona que não é  descartável. 
Agora, sei que me seguirá até ao quarto. Até à cama e rapará com a sua patinha o edredon para se instalar ao meu lado. Quanto a mim, estou que nem posso mas estaria muito pior se ela não estivesse ao  meu lado.
Pitanga, Pitanguinha, Pitangando...Nem vontade para cantar  e rimar tenho...

Piatanga, Pitanguinha, Pitangando...





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fim de semana

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Terminou o fim de semana.
Se lamento? Não. Há momentos bons que têm o seu tempo e são bons também por isso.
Em paz, satisfeita e tranquila, já em Torres Novas city, vejo e ouço o programa da TVI, A tua Cara não  me é Estranha, que não perco por nada, sim, eu vejo a TVI, não sou daquelas que acha chiquérrimo e super culto ver apenas a RTP2 e na volta consome TVI de manhã à noite e nem conhece os programas da estação elitista (não tenho nada contra e tudo a favor ).
Há pouco quando cheguei tive a sensação de sempre - Que merda! Já estou cá outra vez! Peço desculpa pelo palavrão, mas a gente a pensar diz tudo o que lhe vai na alma e a minha conhece todos os impropérios do mundo. Mas continuando, apesar dos pesares vinha cheia de saudades da Pitanga, dona Pitanga, faz favor, que vai demorar um pouco para fazer pazes comigo, amuada que está, juro que está, de a ter deixado na sexta-feira e só ter regressado hoje à noite, apesar da visita do mano Zé para a latinha gourmet de atum laminado com gambas. A propósito disso, obrigada tio Zé, dirá ela e digo eu mano Zé.
Mas falando da minha Pitanguinha, a minha linda e fula Pitanga fez das suas,  pois pôs a gaveta da cómoda do corredor num alvoroço, o tapete da cozinha na entrada, casacos meus espalhados num quarto de vestir, colares espalhados na casa de banho, enfim, o costume. Ela tinha que se entreter com alguma coisa. Como eu a compreendo! Não é fácil passar um fim de semana sozinhinha. Eu que o diga...
Não foi o caso deste, que felismente foi óptimo, de trabalho, muito, nuns pastéis, muitos, que fiz para uma certa festa que já aí anda na boca do mundo lisboeta. De vitória do Benfica arrebanhando a Taça da Liga, da festa do penetra do Alfama-te, a propósito, vamos lá a Alfamarem-se que o conceito é giríssimo, quem organiza também e as festas são um must e depois, sempre podem acabar num bar de Alfama, já agora no Tejo Bar onde quando entramos não sabemos quando sairemos e quem nos animará a noite, musicalmente falando, evidentemente, pois que o Tejo Bar é um espaço sério que passa a noite a rir, a cantar e a tocar o que calha, numa execução espontânea que qualquer cliente desde que queira e não se acanhe, está à vontade para o fazer. Ontem dois angolanos cantaram e tocaram música brasileira e angolana. Um grupo de portugueses fez o que pôde e duas japonesas tocaram guitarra portuguesa que mais pareciam verdadeiros guitarristas acompanhando uma qualquer fadista deste bairro famoso de Afama.
A festa do Alfama-te foi muito gira. Não quero falar muito nisso  por razões que não vêm ao caso, coisas minhas e não minhas, mas que gostei muito gostei. Bebi uma morangoska  e vá lá não me senti a voar para o Leste. Acabei na água tónica porque odeio figuras tristes. Ainda assim, às 5 da manhã estava à porta do meu prédio com a sina lida à espera que a manhã nascesse, para entrar, não fosse o taxista com quem não troquei uma única letra durante o percurso, a criatura era pessoa p'ra poucas falas, mas afinal para actos úteis, não fosse a criatura ter conseguido abrir-me a porta. É isso mesmo. Eu, chaves e fechaduras somos um trio que nos damos pessimamente. Nunca poderia ser assaltante por arrombamento, está-se mesmo a ver! Na verdade, a fechadura da porta de  algum tempo a esta parte tem um problema e já por várias vezes a vizinha do rés do chão, que é rainha da cusquice e dá conta de tudo foi obrigada a abrir-me a porta para que não ficasse na rua. Esta madrugada, eu maria clara das dores, sóbria como sempre, pûs o taxista que me levou do Largo do Chafariz de Dentro ao Olival Basto a tentar abrir a porta do prédio onde vivo aos fins de semana, nas férias e sempre que posso. E consegui. E conseguiu. Mas que foi difícil foi. O senhor que por acaso até era um homem novo, esfalfou-se mas não me deixou entregue à noite e isolada no mato sem cachorro que é como quem diz entregue à minha sorte, que eu estou sempre a pôr-me a jeito. Ora se eu tivesse ficado em casa, de perna esticada a ver televisão e a teclar não tinha passado por isto. Mas também não teria uma história caricata como esta para contar. Juro que quando entrei na minha casa ainda me questionei: maria clara, estás com os copos ou quê? Quê. Como é que foste chamar o taxista para te ajudar? A esta hora da noite? E os vizinhos?
Enfim. Quando se tem uma certa idade, nada nos fica mal à cara. E se ficar a gente já não liga. Encolhe os ombros. Dorme sobre o assunto e hoje é um novo dia. E acabei-o da melhor forma. No cinema com a única companhia que me agrada para esse efeito. A minha filha. Que é uma menina de quem o sô Santos há-de estar muito orgulhoso. Tem o talento dele. Puxou à família. Deve ser uma coisa que está nos genes e que veio de Espanha com a minha bisavó espanhola, Maria Torrinha.
O filme que fomos ver? Amigos Improváveis. Um filmão de todo o tamanho. Uma história verdadeira que todos mas todos deviam ir ver. Lembrei-me da caçula do princípio ao fim. E do Paulinho. E chorei e ri. E fez-me tão bem ver este filme que não foi difícil voltar para o Ribatejo hoje que é domingo. Apenas um outro filme, há muitos anos atrás teve o mesmo efeito em mim - Voando sob um ninho de cucos - visto no cine teatroVirgínia.
Posto isto, nada a acrescentar pois que tive um fim de semana recheado de interesses que me fizeram bem à alma. Não fosse ter saudades imensas de uma certa cria e a falta do nosso abraço e seria perfeito.
 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

mais uma viagem


Mais uma viagem. Mais uma voltinha.
E aqui estou eu paredes meias com Lisboa e espreitando Odivelas.
Tive um convite pela manhã.
- Clara, quer vir para Lisboa? 
- Quero.
E vim.  Assim fácil, fácil. Não foi a primeira vez. Não será a última, espero. 
Aceitar uma viagem de automóvel, num super automóvel, numa super companhia, é aceitar viajar calma e comodamente. É fazer auto-estrada em 50 minutos, uma vez que chove e é sexta-feira. É conversar fora de portas, fora do emprego, fora de olhares que espreitam, ouvidos alheios que ouvem e querem saber mais do que devem. É respirar o fim de semana duma forma tranquila.
Não há dúvida que a minha correria diária entre boleias e autocarros, metros e comboios, quilómetros a pé e horas no sofá cansam, stressam e adoentam-me.
E perguntei-me pela manhã como iria sobreviver a uma viagem de autocarro ou comboio, a caminho da capital, isto se o mano Zé me pudesse levar à estação. 
Esta boleia, hoje, caiu que nem ginjas porque todo o dia passei mal.
Não sei o que tenho. Não sei o que me doi. Não sei se me doi, se tenho, ou se quero alguma coisa.  
Este tempo está de estalo e há dias que eu sinto que não vou para nova. Mesmo...

quinta-feira, 12 de abril de 2012

hoje foi assim no ribatejo




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dia não...

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O dia nasceu, acinzentou, nublou e esfriou até aos ossos. Até à alma. Nesta metade da semana que corre veloz, começou a manhã a caminho do viaduto, surpreendida que fui pela boleia do Luís M. que levava a filha para a escola e pára e pergunta: Queres boleia? - Claro que sim, respondo. E atravesso a rua. E lá vamos nós. 
E o dia passa depressa que o trabalho é mais que muito que a Mena está a banhos por terras de Cabo Verde, quem sabe comendo cachupa rica, que eu hoje até cachupa pobre comia, pois que resolvi portar-me bem e lembrando velhos tempos em que cozinhava sem que alguém mo ordenasse, fiz uma posta de maruca cozida  e grelos que a Lurdes colheu lá na horta no domingo e decidi iniciar a dieta que tantas vezes começo e outras tantas acabo. Sei que a maior parte das pessoas odeia peixe cozido. Eu não. E depois, é p'ra fazer dieta é p'ra comer peixe, quanto mais melhor. Afinal eu até o prefiro, à carne.
As cinco chegaram.  E chegou uma nostalgia, uma tristeza, um desalento que só eu sei. Alguém me disse: pode ser quebranto. Mau olhado. Ri-me, muito a contra-gosto. Nem rir me apetecia. Lembrei-me duma certa pessoa, por sinal, chegada, que até já me tentou ensinar a rezar o quebranto mas que eu não aprendi porém com pena minha. Sei que se gasta azeite e este está pelas horas da morte, mas o quebranto também pode matar e há que cortá-lo com uma faca em cruz nos gestos, por cima  dum prato com água e gotas de azeite que não sei por que artes de magia, feitiçaria, ou do diabo se mistura na água se estivermos com o dito mal. Posso dizer que estou quase sempre que mo tenta tirar essa pessoa que me abstenho de dizer quem é, também sei, só sei, ser discreta e guardar segredo. Mas se não o tenho ela diz-me que a má disposição, o sono, a dor de cabeça, o desânimo, tudo isso é doença e não quebranto.
Cheguei à cidade do Almonda e fui ao hipermercado à procura de comida para a Pitanga. Uma vez  por semana vou às compras ao hipermercado. Atrás da comida da Pitanga vão dois ou três sacos de compras que pesam e atrapalham e me fazem apanhar o TUT. Tenho espírito de rica e carteira de pobre. Atravesso a rua para a paragem a pensar nisso. Tão fácil seria se não me revoltasse. Nem me entristecesse. Nem desanimasse. Houve um segundo, se calhar um pouco mais que desistir se tornou num pensamento.
Desistir? Como é que isso se faz? Acho que ninguém me ensinou a fazê-lo.
Sentei-me no banco da paragem assim que a senhora que lá estava retirou as compras. Ainda não tinha arrumado as minhas aos meus pés quando apareceu outra senhora e uma miúda. reconheci-a. Vitória Maria.Uma veterana da rádio local. Dos primórdios. Mais veterano que ela só o pai das crias, que foi o fundador ainda a rádio era pirata, mas esse não é para aqui chamado. A Vitória Maria sentou-se no meio de nós, e sem me fazer quaisquer perguntas, graças a Deus, porque hoje não é o melhor dia,  colocou a neta no colo, uma matulona de pelo menos 9 anos e baloiçou-a, baloiçando-nos até eu ficar enjoada. A sorte foi que o TUT chegou para me levar dali para fora. O percurso não é longo e permite olhar a cidade ao fim da tarde. Quando desce para o centro é possível ver o castelo que hoje tem mais bandeiras que ontem. Não há dúvida que os preparativos para a feira medieval vão de vento em popa. Chegando ao centro olho a Império e a Abidis outrora cheias de gente nova e velha e hoje encerradas. A Império tem um papel na porta dizendo: Música africana, sábado. Ah, música africana...imagino! Passo a loja do "queque ", o Museu, que mais parece uma loja de chineses ou de indianos tão desarrumada e cheia que está. No largo da Botica tenho uma surpresa. A Lena, sobrinha do velho Torres, o gigante e craque do  Benfica, que metia os golos de cabeça. Há quanto tempo não a via... O cabelo todo branco, mais gorda e de tenis  calçados. Essa é a surpresa das surpresas pois que a Helena T. sempre calçou saltos e sempre se pavaneou no seu andar bamboleante. O tempo passou também p'ra ela e para a Laura do quiosque. Lembro-me da Laura em 75. Uma jovem " matadora " que fazia furor entre a população masculina torrejana.  Madrinha duma pessoa que gosto muito. Tia do alcaide. E por falar no alcaide, este ano paga-se para entrarmos na feira. Não me parece mal. Por todo o lado é assim e a câmara não tem de ficar no prejuízo.
Até casa não vi mais ninguém das minhas relações nem tive pena.
O que eu queria era chegar a casa e fingir que hoje desisto do mundo e ele desiste de mim. E nesta melancolia que se abateu sobre mim ficar-me queda e muda até que me passe.
Quando estava praticamente em casa, olhei a janela da vizinha do rés-do-chão do prédio mesmo ao lado do meu e qual foi a minha surpresa quando " apanhei " a minha vizinha do primeiro andar a esfumaçar. Conheço-a desde sempre e ao marido idem. Nunca a vira fumar. A avaliar pelo marido  que tem, não fuma com " permissão " . E está à janela da casa da irmã e ficou com cara de tacho quando percebeu que eu a vira. E eu não tenho nada com isso...
Cheguei finalmente a casa. Como ia carregada demorei a abrir a porta e percebi assim todos os barulhos que vinham de dentro e que tinham como protagonista Dona Pitanga que ao ouvir a chave na porta corre para a mesma feita louca. Entrei e fechei a porta à chave. Hoje não há hipótese nenhuma. Não vou, não quero, sair. Encerro por hoje a tasca, como dizia o sô santos.
Há dias asssim.   

quarta-feira, 11 de abril de 2012

chocolates na Páscoa

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Que é que é isto? Chocolates. Gourmet.
A caçula não faz a coisa por menos. Oferece a todos, chocolates, na Páscoa. 
Os meus são ratinhos com um recheio que vou contar-vos...
Obrigada caçula.

na Páscoa

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Folar de carne, de Trás-os-Montes. Quem fez? Mano Zé e Lurdes.
Quando o comemos? Na Páscoa.
Se estava bom? Estava óptimo!

terça-feira, 10 de abril de 2012

fim de tarde na cidade

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Saio no fim do viaduto. E não sigo pela parte de trás da cidade, sim porque as cidades têm avesso, fundos, porta de trás e até caminhos por onde nos obrigam a ir a que nós como josé régio tentamos dizer que não vamos por ali, se bem que a maior parte das vezes vamos às cegas por aqui, por ali  e por acolá indiferentes à porta que se abre. Ou manipulados, mas isso são outros quinhentos.
Tenho uma certa pressa de chegar a casa mas é também dia de euro milhões e mesmo sabendo que nada me sai, continuo a jogar. Tens sorte porque ainda te vai saindo alguma coisita, dizem-me os conformados. Aqueles que gostam do copo meio vazio. Eu que prefiro o copo meio cheio, cheio ou a transbordar de prazer e alegria, insisto no jogo de sorte a ver se ela me bate à porta. Aqui que ninguém nos ouve, até acho que mereço, pela militância fiel.
Então, num siga a marinha que hoje preciso de chegar a casa às cinco e meia ou mesmo numa tolerância  a que me dou, às seis menos um quarto, vou por aí fora, pela avenida, rio abaixo,  bilhete postal da cidade do almonda com o seu castelo de gil pais sobranceiro e embandeirado, sintoma de começar já a espreitar a feira medieval que no mês de maio se fará presente.
Chegada ao quiosque da Fernanda, sou recebida como sempre. Com pompa e circunstância. Não porque sou especial, mas porque a Fernanda é que o é.
- Dona Clara, tá boazinha? E sem me deixar responder, com um sorriso de orelha a orelha, nuns lábios sempre pintados de laranja vivo, fora de moda, mas irrepreensível no seu rosto moreno e bonito, acrescenta - tá cada vez melhor esta senhora. Dou uma gargalhada. Sim, sim, me engana que eu gosto, Fernanda. E ela ri-se, claro. E os meninos estão bons? E eu respondo e percebo porque gosto de parar no quiosque. A Fernanda é discreta, educada e esperta. Como a mãe que deus tem. A velha dona Teresa que dizem era bruxa, alguns, outros dizem que era cartomante e conheço alguém que diz que foi a pessoa que mais lhe adivinhou o futuro. Dizem também que não pedia dinheiro por adivinhar o futuro. Davam o que queriam. Gosto de ir ao quiosque porque a Fernanda é aquela pessoa que a gente gosta de ter pelo caminho para nos levantar a moral, para nos carregar no colo.
Euro milhões nas mãos e ainda olhei para o lado para recolher algumas imagens de luz do rio Almonda. Depois voei para casa. Isto porquê? Não tive hoje um surto de larzite. Nada disso, se bem que nos últimos tempos estou muito mais caseira, não sabendo se é bom se é velhice.
O que me faz ir para casa a toque de caixa não é senão perceber se a minha avaria já é passado. O senhor técnico da PT hoje ligou-me para o telemóvel cheio de simpatia e cuidados, porque ah que tenho de ir a sua casa, ao exterior, evidentemente, e onde é que a senhora mora? Ah, sei onde é. Já que não pode estar em casa vou tocar à campainha de um vizinho seu porque preciso de ter acesso a uma caixinha que fica  no interior do prédio. E não pode estar às 5.30? Pode? Óptimo.
E vai daí, prometi, ficou prometido e não posso falhar até porque o que está em causa é sagradíssimo para mim. O meu telefone fixo para falar com a tia Fernanda, com a Constância, não agora que ela está no outro lado do mundo e tem mais que fazer do que ligar-me, com a  Milú, e com algumas mais, criaturas, de que me abstenho dizer nomes, não por mim, mas por elas, criaturas. A minha net ilimitada. Onde me perco e encontro a qualquer hora do dia ou da noite.
Entrei em casa enquanto desligava o telemóvel pois que teria que responder com algarismos a chamada feita. Por quem? Pela PT que me pergunta de zero a dez quanto dou ao atendimento do técnico que se dirigiu à minha casa.
Senhores, como nós estamos! Ainda não sei se a avaria está resolvida e já eles me estão a pressionar. Os tempos mudaram. Lembrar-me eu do que passei com estes senhores e com o Meo que me tinha sido instalado nos três serviços que eu quis muito ter e depois quis muito não ter.
Claro que apenas tive tempo de perceber que o meu rico telefone que há mais de três semanas se finara, havia ressuscitado quando o dito técnico estava a ligar-me. Olhei o router e uma coisa  me ficou desse tempo. São quatro luzes. A segunda tem de estar fixa para que tudo esteja bem. Liguei o computador. Ele queria saber se estava tudo bem. Sosseguei-o. As luzes do router estavam como era preciso.
E aqui estou desde então. Tenho net, tenho telefone e tenho paciência. E quem espera sempre alcança. Se calhar por isso os serviços da PT melhoraram tanto que se fosse muito maldosa acharia que tanta mesura traz água no bico. Ou não...
De qualquer jeito o meu agradecimento ao técnico da PT e a esta pela prontidão com que resolveram o meu problema. 

Torres Novas - Portugal

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Marcelo Camelo - Vermelho

de novo...

Não há nada como ir de férias. Fechar a porta, agarrar nos sacos, descer escadas e partir.
O mais mau é voltar. Já não basta ter de regressar à origem...do problema. E que problemas! Viver isolada incomoda. A Pitanga é uma boa companhia mas nem sempre suficiente. A televisão também, mas há dias que aborrece. Os livros nem sempre me acenam. E o telefone fixo há quase um mês que morreu num silêncio que me convenci que se finara de vez. Não participei logo a avaria porque pensei que o problema não estava na linha uma vez que continuei com internet. Mudarem o aparelho requer uma visita da PT cá a casa. Requer faltar no trabalho para esperar pacientemente que o técnico se disponha a visitar-me. Irrita-me a impotência por depender de outros para uma solução a meu favor. Raramente o tempo desses outros é igual ao meu. Sempre mais longo e descontraído. Indiferente e desvalorizado. Por isso esta casa se encontra sem comunicação para o exterior há mais de três semanas. 
Recebi algumas reclamações. Mas não mandas arranjar o telefone porquê? Como podes estar sem telefone? Deus que me livre e guarde. Quero falar contigo e não posso, por telemóvel fica caro...enfim! Não há pachorra, mas...
Não tanto por mim mas pelos outros já devia estar comunicável. Convêm. Deixa-me menos só. Lá está a solidão às voltas comigo. 
Mas ainda assim, sobra um companheirão. A minha melhor descoberta desde que estou só. O computador. O meu rico e esperto computador. A minha rica internet. Que descoberta de truz, esta!
Eu que fazia vista grossa às tecnologias avançadas demais para a minha rica cabecinha... 
E claro, as férias são o melhor que um trabalhador pode ter. O regresso, o pior. No intervalo, a gente compensa-se. Lá está a internet a piscar os olhinhos e a gente vai. E a gente fica danada quando percebe que não tem o brinquedo preferido em mãos, em horas, à vontadinha.

Pois é. Apanharam-me de costas e à má fila deixaram-me assim, no mato sem cachorro. E estamos nessa. 

O senhor do 16200, mais uns asteriscos e uns algarismos, que a gravação ordena, ufa o que me irrita isso, cheio de mesuras faz perguntas que parece que sou estrangeira, pois questões sobre o router, e outras são
 chinês p'ra mim. Conforme chega, do mesmo jeito termina, como todos os outros, dizendo que há uma avaria no exterior que esperam se resolva em menos de 36 horas. E lá fico eu com cara de couve, desanimada e danada porque pago como se tivesse o serviço e não posso usufruir dele. E não adianta dizerem-me que estive nove dias fora e não usufruía. Mas estava cá o serviço e estava muito bem que é para isso que eu pago.Na verdade o que eu queria era não me desgastar com estas questões. Que paciência de jó é preciso ter para aturar isto...vamos a ver se amanhã não me vou chatear. Afinal, não sou eu que estou sempre a dizer que se quiser até nem me ralo?

segunda-feira

Hoje estou mais ou menos assim.
Com a macaca...
Segunda-feira, custa!!!

sábado, 7 de abril de 2012

Parabéns a ti


O que é que a gente faz se um outro alguém sorri numa página deste progresso que nunca que pensei nos dias da minha vida passada, desse tempo em que apenas existias tu e tu e sempre só tu e tudo o que tu dizias, cantavas, rias, sentias, sonhavas? O que é que a gente faz se sem te chamar, procurar, me apareces no canto direito que nunca pensei ver-te numa máquina à distância de um clique quatro décadas depois como se fosse hoje me dizendo: Olá, sabe que o cigarro faz mal? E eu atrevida te respondendo no alto dos meus 18 anos ingénuos e sonhadores, acabados de fazer mas te conhecendo de outras estórias de bairro, de amigos de infância te citando, te gargalhando das piadas que contavas, do partidas que aprontavas?O que é que a gente faz se estás ali me olhando e me sorrindo como que a dizeres-me: clara, branca das neves,  parece ainda estou a ouvir a canção, eu vou rifar meu coração, vou fazer leilão, vou dá-lo a quem der mais...O que é que a gente faz se te sonhou  um dia namorado, príncipe encantado e para sempre guardado na memória sem idade que um dia te hei-de perder, perder-me de mim, mas sempre o eterno namorado que acreditei um  dia se apaixonou por mim?O que é que a gente faz se ainda há pouco te sonhei de novo, que nestas coisas dos sonhos sempre estiveste presente, nesse ausente de toda a vida e um dia até te chamei  e vieste que parecia makumba de kimbanda, juro por sangue de cristo?Não fui lançar os búzios, não te vi nas cartas de cartomante, nem tão pouco no mapa astral, vi-te mesmo de verdade que nem queria acreditar que te chamei no sonho e vieste que ficou uma estória do além para contar aos amigos que te conhecem demais?O que é que a gente faz se parece estás ali não só a rir mas parece estás a dizer: Córaaaaaaaaage...
Não adianta fingir  que não te vi. Não adianta esquecer que te amei. Não adianta querer deixar o dia passar. Não adianta clicar e apagar...
Se me perguntasses de novo o que és para mim, de novo te diria, eterno namorado, que não sinto doutro jeito neste jeito romântico de te ver no passado...
Parece de novo te vejo sorrir, encabular, olha tu encabulando, que até me apetece escrever lolololol que essa tem mesmo graça,  e dizer: clara, branca das neves, córaaaaage...
Por isso hoje que te sonhei e te vi  depois, aqui alegrando com o teu sorriso de sempre a minha página deste progresso que há quatro décadas nunca que sonhámos que ia acontecer,  me mostrando que estás vivo no teu coração batendo, no meu coração ecoando, me fazes ter a coragem que apelavas brincando, para como documento que tem o valor que tem, te deixar meus votos de dia feliz neste sábado...aleluia!
Te dou os Parabéns.
E um abraço maior do que o universo, na saudade. Num tamanho maior do que a distância que vai daqui até ao sul, muito mais a sul que o nosso sul. Lá onde os dias se deitam alegremente nas noites mágicas e nos embalam os sonhos que se fazem eternos.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

povo, muxima e fé


Se sorrio
Ao sol da tarde
E converso ao luar
Se chamo 
Amizade
Às gentes da minha rua
Se sou amante do mar
E me entrego
E me rendo
E sou sua
Se canto
A chuva e a terra
As kiandas 
E calemas
As acácias 
E o não à guerra
Então 
Eu sou angolana
Povo, muxima e fé
E alimento a paz na raiz
E faço crescer na savana
No planalto-
Na mata e no deserto,

E tenho como certo,
Um belo e grande país


m.c.s.

ainda um olhar sobre Alfama












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